" A vivarium (Latin, literally for "place of life"; plural vivaria or vivariums) is usually enclosed area for keeping and raising animals or plants for observation or research. Often, a portion of the ecosystem for a particular species is simulated on a smallerscale, with controls for environmental conditions."





Génese

 " - No inicio, existiam trevas. O espaço, não existia. De súbito, uma luz criou-se... e isso foi bom." - prega Vicente numa voz matinal quebrada e rota pela expectoração, enquanto no escuro do seu quarto, desajeitadamente acende um fosforo numa pequena caixa de fósforos, após várias tentativas. O quarto ilumina-se com uma pequena explosão bocejante, e reduz-se a uma ténue chama. Fica hipnotizado pela fraca luz do curto pedaço de madeira a consumir-se. " - Eu sou o meu próprio oxigénio, um combustível." Acende o cigarro, e afasta ligeiramente a cortina da pequena janela acima da sua cabeça. Vê os putos a correrem descalços atrás de um pneu que ao passarem pelo gato sentado no muro baixo do quintal, de um cinzento claro, este  agacha-se pelo repentino frenesim, simultaneamente, excitado e curioso por ver aquele objecto invulgar a rodopiar daquela forma. Como uma criança tímida que se retorce por ser não mais velha para entrar  nas brincadeiras dos mais velhos. Vicente sorri. Dá um fundo bafo no seu cigarro, deixa-se cair para trás. Dobra a sua coluna cervical e como um caçador, analisa as suas próprias pegadas. Aos poucos, refaz mentalmente o percurso que deu origem ao caos da divisória. A sua casa esta resumida em duas divisórias e um pilar no centro da maior das duas. Os vários odores e ruídos mesclam-se muitas vezes de actividades diárias exclusivas dos humanos, que de certa forma, apresentam um forte contraste. A mesa de jantar está por levantar com uma garrafa por fechar. A toalha descaída, deixa o tampo texturado meio por despir. Expira o fumo de forma despregada, onde se denota pequenas partículas de saliva. O suor e gordura brilham com a barba por fazer. Vicente levanta-se. Tacteia o chão, entre peúgas sem par e folhas de linhas com nódoas de comida e rascunhos. Entre passa, em picos dos pés, por este mar de rastos de uma presença humana, que por momentos, sentiu que não era sua. Veste o par de calças invertebrado, no mesmo local, onde foi abandonado. Alcança a porta e deixa-a escacarejada atrás de si. Pega no gato assustado e encosta-o ao peito nu. Acaricia-o, e reconhece um chiar. Um bater de cacos que se aproxima. É a padeira, com a sua carroça puxada pelo seu asno. Hoje é Sábado, dia de feira.

      A sua passagem parece despertar de uma forma irracional e rejuvenescedora a gente daquela aldeia. De nome Adozinda e já viúva, não deixou as cores vivas. Uma mulher simples. Adozinda, adorava flores. E todos os Sábados decorava a sua carroça com vários tipo de flores e arranjos. O seu asno, tinha um colar também de flores e um pequeno chapéu do seu falecido esposo. Uma mulher simples mas com um humor  e uma paixão por flores excêntricos. Sentia-se o cheiro de farinha fresca,  do pão ainda morno e acabado de sair do forno, que deixava para trás.
    Vicente abre um sorriso e iniciou uma conversa banal .

     - Espero por si, Vicente. Hoje trago um pão especial. Não se esqueça é de fazer a barba. Senão,
       vai deixar o meu pão rijo que nem corno.
     - Lá estarei, Adozinda.

     Durante a palma suspensa perto do ombro e o roçar infantil e  lambido do pequeno felino, a expressão facial de Vicente agrava-se, distancia-se. Retorna ao núcleo do seu universo, larga o bicho aleatoriamente no chão. Começa a coçar freneticamente o topo de sua caixa craniana com um retorcer de músculos do seu rosto. Esguelha a cara e permanece estático, com a luz rasteira do Sol nas suas costas. O seu braço pendente martela um movimento deixando exposta a fragilidade do interior do pulso, onde as sombras finas dos tendões contrastam com os dedos torcidos no sentido das costas da mãos. Vicente sente a sua visão a separar-se de si e a descender espiralmente. Transforma-se numa percepção de 360º. Apesar da enorme precisão dos pormenores tem uma curta distância de "zoom". Uma consciência imaterial, a perspectiva de uma partícula leve e transparente fazem-no ver uma pequena corda de energia entre uma abertura no soalho.
Tudo acaba com um desmaio e o escorrer de uma gota de sangue do nariz. 


    Vicente não é alguém que se deixe levar pelas vozes que são arrastadas pelas marés de boatos e de mal dizer que impregnam as manhãs de Sábado. No entanto, quando se trata de organizar e distribuir as várias barracas por aquele espaço comum desta povoa, existe uma clareza, um sentido de tolerância e um grupo social coeso e inteligente. A feira esta disposta sempre de forma diferente. Só existe uma única tenda que permanece sempre no mesmo local. Perto da fonte, encontramos a casa esotérica. Governada por Teresa, uma cigana renegada de beleza grotesca perseguida por uma cicatriz que atravessa o seu olho esquerdo. No final das feiras, Teresa senta-se no seu alguidar a fumar do seu cachimbo e aguarda por Vicente sem o demonstrar. Aparece pelas traseiras da tenda, de jornal debaixo do braço e com o pão embrulhado em papel manteiga. Em silencio, pára ao lado de Teresa e acende um cigarro. Teresa sente a sua presença: - Não insistas. - Qual é a diferença? - Para mim, é enorme! Vicente observa as palmas das mãos intrigado e perplexo. Teresa bate o cotovelo do chacimbo na sola da bota. - Vem, quero-te mostrar uma coisa. Apaga rapidamente o cigarro e atravessa a cortina de mãos nos bolsos. A tenda é ampla e acolhedora. O odor a patchouli arrepanha o neocortex e a retina retrai-se. Enquanto Teresa empacota a bola de cristal e as cartas de Tarot sem lhes tocar com as mãos nuas pede a Vicente para lhe ler a previsão meteorológica e as horas das marés. Este perde-se com as prateleiras e as malas abertas. Existe um enorme numero de quantidade de figuras religiosas, terços, poções, pomadas, cristais, patas de galo, rabos de gatos e coelhos. Num dos cantos, Teresa pratica a homeopatia. Um pequeno laboratório que se desdobra, de minúsculas gavetas e um conjunto variado de varetas, conta-gotas, balões de vidro no qual prepara um malte intenso, espesso e de cor verde. Oferece-me um copo e prepara umas cenouras frescas que deixa numa tigela de madeira. Teresa divaga entre dentadas. Fala de como a vida é feita de medidas diferentes apesar dos ingredientes serem sempre os mesmo. De porções exactas e como tomamos rumos diferentes para o mesmo destino. Acredita que o este não é só definido pelas decisões tomadas mas também pelo espaço que ocupamos. Com a sua rudeza cuspe para o chão. As linhas das mãos não prevêem o futuro. Mas sim, como o teu passado te persegue. De posse ligeiramente debruçada e braços caídos sobre o seus joelhos. As mãos abertas, os dedos delgados e morenos. A sua voz parece ecoar. A expressão de Vicente de indiferência suspende a sua figura e sob o olhar desconfiado recompõe-se como um louco que acabou de se aperceber da sua temporária desordem mental. - Afinal,o que me querias mostrar? Teresa silencia-se e certifica-se que a tenda encontra-se devidamente fechada. Abre o biombo, e isola a mesa onde pratica as suas vidências através da bola de cristal. De seguida, esfrega as mãos nas suas saias e trás uma caixa cúbica. Lateralmente, puxa um frágil cordel, ouve-se um mecanismo estranho e a caixa abre-se em quatro. Retira um frasco gordo do seu interior sem qualquer tipo de selo e completamente hermético. Ascende-o ao nível dos olhos. Trata-se um feto humano sem umbigo. - O primeiro humano., esclarece Teresa.Quero come-lo.

    Vicente suspira, e um rasgo do tecto daquela tenda deixa uma agulha de luz cair-lhe na maça esquerda do seu rosto.

Seeds of Knowledge

   A space, where time can run much faster or slower, it depends where you are, how or what is driving your state of mind. Even depends on your kind of mental disorder. Feeling every inch of your mind, the way He dissolves itself in your system, in your veins...running wild through out your brain, accelerating your synapses, increasing the serotonin...among others.

   Beyond of scientific knowledge and solid theories I do not believe in an universal truth, or in an unbreakable logic or conscience. This is one of many things, that I have learned from my "walks".

   I like to walk.

   I have decided to gather and catalogue all kind of informations, texts, pictures, drawings and things with no definition and without an utility sense.

   Thingliness.

   An embryonic state of everything.